Caixa Preta

 Negritude, pertencimento, feminino e autoestima, 

relacionamentos y otras cositas más


Confesso que até começar a ler este livro não conhecia a Luiza Brasil. 

Afinal, não sou negra, e não curto o ramo da moda. Meu guarda roupa se resume a peças pretas, brancas e tons de azuis. #inimigadamoda

Comecei a leitura achando que seria uma biografia. 

Não é. 

São textos revisitados, e atualizados da coluna que a autora mantém na revista Glamour chamada "Caixa Preta". 




Obviamente existem diversos textos que abordam a questão da negritude, mas eles vão muito além do discurso já exaustivamente batido de como a sociedade tem uma dívida histórica com a população negra. 

Tem mesmo, mas o negro, e principalmente a mulher negra, não se resume apenas a isso. 


QUE TAL UNS TAPAS NA CARA, DE LEVE?

Ela aborda questões como o sexo, a solidão da mulher negra, o empreendedorismo no ramo da comunicação e moda, visando diminuir a discrepância no discurso nessas áreas. 


Mas o que mais me chama a atenção é como a Luiza conseguiu me fazer pensar em coisas que estão literalmente na minha cara e que eu não me dava conta, como por exemplo a representatividade das mulheres negras nos museus. 

Você já viu alguma estátua de uma mulher negra? Uma pintura com uma rainha africana e seu black power? 


Pois é... não existe. Mas essas personalidades históricas com certeza existiram, e mesmo as que foram parcamente retratadas, tiveram a sua identidade (os cabelos negros são uma identidade muito forte nesta parcela da sociedade), mutilados com turbantes que os escondem. Como por exemplos os egípcios, que são negros, apesar de serem retratados como no máximo "moreninhos" por Hollywood. 




Outra parte que me chamou a atenção neste livro é que eu me dei conta que mesmo não sendo racista, por ser a favor das cotas nas universidades, admitir uma dívida histórica, e ser a favor da inclusão de mais negros no setor que trabalho, eu fui confrontada com a frase de Angela Davis de que "não basta não ser racista, é preciso ser antirracista". 


Em meu círculo de amizade, não tenho uma amiga negra. 

Tenho colegas de trabalho... conhecidas... mas amiga? Não. 

Como diz o meme: "Enfim, a hipocrisia". E eu achando que não era racista...


CUMPRINDO O SEU PAPEL

Os livros precisam cumprir seus papeis. Seja entreter, informar ou dar tapa na sua cara. E posso dizer sem sombras de dúvidas que esse livro cumpriu o papel dele, ao me dar vários tapas na cara. 

Obviamente não me identifiquei com todos os textos. 

Mas por cumprir o papel, ganhou o meu respeito. 

O livro e a Luiza Brasil. 


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